Nesta que é sua obra de estréia, Patricia Silva trilha caminhos e movimentos nos resíduos do próprio corpo e se derrama sem represas, nesta boca que se abre em uma presença expansiva de significações: ora como um pedaço ínfimo do todo, ora como aquela que cospe as mordaças. Com uma linguagem rígida e minuciosa, esse livro nos enleva a ser essa boca que digere as...
De “cartas à tereza” até aqui, o labor com palavras feito por Deisiane Barbosa ganhou fundura. achei que há, entre a primeira obra da autora que li e os poemas daqui, meticulosamente organizados em três estados de refugo, uma talvez parecença: sua escrita em ambos pede longo tempo de cozimento, em fogo baixo, submerso em água, pra que a carne da fruta não seja colhida com maciez pelas mordidas do entendimento. Mas se em cartas havia uma unidade de esboço casual E solto no vento da prosa com destinatária onírica, insólita; aqui a montagem é mais premeditada: a ordenação dos poemas quase narrativamente levantando à presença de uma história sendo contada no cotidiano de impressões externas, internas, ou ambas instâncias.
Maréia, oferece ao leitor histórias aparentemente independentes que se cruzam na brutalidade da experiência colonial forjada na mentira, no logro e no ganho financeiro e social de um grupo de personagens; mas também na luta, resistência e crença na força e vitória da cultura por parte de outro grupo. Assim, o livro de Miriam Alves pode nos levar à história dos Menezes de Albuquerque, mas...
Primeira mulher afro-americana a receber o prestigioso prêmio Pulitzer de ficção, Alice Walker também foi pioneira ao tratar de diversos temas da cultura negra dos Estados Unidos. Ainda nos anos 1970, abordou pela primeira vez questões raciais como o colorismo, e passou a defender um ponto de vista mulherista, termo reivindicado pelo feminismo negro para expressar as particularidades de suas lutas.
Filha de trabalhadores rurais, Alice Walker experimentou a violência da segregação racial e as dificuldades de ser uma mulher negra no Sul do país, contexto que incorporou em seu romance A cor púrpura e que está presente em vários ensaios deste livro.
Entre perspectivas pessoais e políticas, a autora nos convida a acompanhá-la na busca da própria identidade e das referências afro-americanas, muitas delas apagadas pela história. Seguindo-a nesse caminho, nos deparamos com Zora Neale Hurston, Martin Luther King, Phillis Weathley, e chegamos ao jardim de uma casa modesta na Geórgia. Lá, em meio a uma rotina sem descanso, sua mãe encontrou a porção diária de vida cultivando dedicadamente suas flores – e Alice Walker, o sentido desse legado materno.
Poesia é fôlego vital de resistência negra-feminina e é esse o fio condutor da obra A Poesia Negra-Feminina de Conceição Evaristo, Lívia Natália e Tatiana Nascimento de Heleine Fernandes ( @heleinefernandes ). A autora mergulha nas Escrevivências poéticas das três poetas afro-brasileiras para fazer emergir reflexões sobre o labor estético como pulsão de vida, resistência e permanência de mulheres negras.
A Pupila é Preta, é um livro vibrante que expõe as fricções das relações raciais no Brasil, se atendo, principalmente, aos afetos que o racismo inaugura, aprisiona ou encerra. Com emotividade, ironia e humor. Cuti parece ter um alvo definido, os “pontos existenciais de interrogação no fundo negro das pupilas de cada um”, e, justamente, por iluminar o que nos une e separa, que a...
É possível reunir, em um mesmo livro, temas como fé e festas, guerras, comida, música, mitos e encantos de um país tão diverso como o Brasil? O desafio parece ainda mais “assombroso” se considerarmos as peculiaridades e nuances de manifestações populares do Oiapoque ao Chuí. Das várias acepções que o conceito de “cultura” tem, a que norteia o Almanaque Brasilidades é aquela que encara a...
Marco referencial no campo dos estudos de gênero, o livro da socióloga nigeriana Oyèrónk?´ Oyewùmí oferece uma nova maneira de compreender o papel social da mulher a partir de referências africanas, especificamente da cultura iorubá. A pesquisa, resultado de sua tese de doutorado, revela como a ideologia do determinismo biológico está no cerne das categorias sociais ocidentais – a ideia de que a biologia fornece...
Quando os idosos se tornam a maioria da população, o mundo entra em colapso econômico e uma crise social se instaura. Enquanto jovens recorrem a tratamentos anti-idade cada vez mais avançados, velhos são jogados à margem da sociedade. O livro é uma distopia, em que a imposição antienvelhecimento da sociedade atual é projetada em outra sociedade ficcional, onde a luta desesperada contra os efeitos da...
Vozes historicamente silenciadas encontram em Mulheres Quilombolas espaço para compartilhar saberes a partir de suas perspectivas, como faziam nossos ancestrais reunidos em torno do fogo, no ritual de transmissão e perpetuação de conhecimentos basilares para a comunidade. As autoras trazem para a roda uma diversidade de pautas em geral invisibilizadas na sociedade, contribuindo com suas visões de mundo, seus conhecimentos acadêmicos e suas experiências de...
Beata: A Menina das Águas conta a história de uma menina e sua conexão com a natureza como força de sua vocação espiritual. O livro é uma homenagem à Mãe Beata de Iemanjá. Nascida em 20 de janeiro de 1931, em Cachoeira (BA). Foi ativista pelos direitos humanos, em especial os direitos das mulheres negras, escreveu os livros: “Caroço de Dendê, Sabedoria dos Terreiros” (1997)...
A Obra de Taís Espírito Santo, narra a história de Ashanti, uma menina muito amada pelos seus familiares. Uma menina negra, que tem um pai presente, carinhoso e atencioso, o livro é uma homenagem ao pai da autora e a outros pais que participam da vida de seus filhos e filhas. Ashanti- Nossa Pretinha é uma narrativa sobre amor e ancestralidade. É a representatividade de...
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